5.10.16

Scooby

Quase toda manhã vou à padaria a duas ruas abaixo de casa. Scooby, o cachorro do vizinho, quase sempre está na rua me esperando. Antes de sair já se ouve seus choros e lamentações de cachorro no portão. Quando ponho o pé na rua, ele imediatamente levanta-se do concreto da calçada e começa a saltar de alegria pra cima de mim. Após pulinhos e latidos de excitação, começo a andar e Scooby me acompanha.
Às vezes gosto de pensar que somos uma dupla - não eu como dono e ele como cão, mas como dois amigos que partilham caminhadas matinais em ruas vazias até a padaria. Seus passos empolgados de quatro patas ultrapassam os meus ainda carregados de sono e desânimo. Mas sempre que chega a uma certa distância à frente de mim, ele para, olha para trás e espera até que eu chegue a ele para continuar a andar.
No caminho, outros cachorros nos observam pelos portões de suas casas, e enlouquecem quando vêem Scooby passar saltitando pela rua calma. O latido nervoso dos cães parecem não incomodar Scooby, que os ignora e continua a me acompanhar.
Entro na padaria e Scooby me espera ansioso do lado de fora. Saio de lá, e refazemos o caminho de volta com a mesma empolgação da ida. Enlouquecendo os mesmos cachorros enclausurados em seus quintais.
Quando chego ao portão de casa, Scooby para, apreensivo. Como que soubesse o que está por vir, e como se não gostasse nada do que está por vir. Fecho o portão entre mim e ele e sigo para o café da manhã. Scooby volta a deitar-se no concreto da calçada, esperando eu ou o seu dono relapso sair para rua de novo.
Acho que a felicidade é efêmera para todos.

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