7.9.16

Olha a vida passando

Olha a vida passando aí. Em sua previsibilidade amarga e ritmo implacável, sem te esperar.
Olha ela passando outra vez diante de seus olhos.
A cada pôr do Sol desperdiçado.
A cada passo não andado.
Cada atitude não tomada.
Cada movimento não feito.
Lá se vai ela de novo.
Olha a vida passando no espelho.
No fundo do olho vermelho.
No despentear de cabelo.
No plano que não funciona e em toda cicatriz que você coleciona.
Olha a vida indo embora. Como um ônibus que não se conseguiu pegar. Como um táxi que não quis esperar. Como um trem que não se pôde embarcar.
E assim ela segue. Uma locomotiva impiedosa que te obriga a acompanhar seu ritmo, ou ser deixado para trás. A cada estação uma nova chance de fazer diferente. E mesmo assim você espera a locomotiva parar pra você, de alguma maneira, tentar.
A todo nascer do Sol.
Toda vontade inibida.
Toda palavra não dita.
Toda hora perdida.
E você observa a vida passar pela janela gradeada.