28.3.14

Definitivamente

Esse é definitivamente o último post do blog. É eu sei, não é um déjà vu que você está tendo agora. Sei que já encerrei esse blog outras vezes antes e sempre voltei atrás. Mas dessa vez eu não volto, é sério. Sinto que o Blog Chato deve ser uma fase que deve ser superada. Ideias, vontade, inspiração, propósito, está tudo em falta. Não tenho mais o porque de continuar com isso. Sinto muito ao pessoal que vai sentir falta dos textos e muito obrigado aos que acompanharam o blog até seu fim. Não vou excluir o blog só abandoná-lo. Bom, vou ficar umas duas ou três semanas monitorando os comentários para prováveis perguntas, dúvidas e mensagens em geral que possam surgir e logo depois vou abandoná-lo, deixá-lo à deriva nesse vasto oceano que é a internet.

Mais uma vez muito obrigado, e até breve.





                                                                                            Andrew Oliveira Souza
                                                                                                                 ou Andy

12.3.14

Ainda assim elas vivem

As pessoas vivem. Elas vivem para aprender, crescer, conseguir um bom emprego, encontrar a felicidade, encontrar alguém. Seja lá qual for o motivo, elas vivem. Porque vale a pena. Porque é melhor viver.

 Apesar das dores sofrimentos, decepções e frustrações. Vale a pena viver. Apesar dos horrores, das tragédias, fatalidades e mazelas. É melhor viver.

 É melhor sempre estar correndo o risco de vivenciar algo bom no meio de tanta coisa ruim, do que simplesmente não vivenciar nada. "Viver é sofrer" já dizia alguém que não me lembro o nome. Sentimos dor pois procuramos viver. Ao longo e tortuoso caminho da vida, alguns procuram drogas, deuses, meios de aliviar a dor mesmo que por um curto período de tempo. Alguns até escolhem mergulhar no mar da ignorância e ignoram os problemas e defeitos da vida. Quando descobrimos que drogas acabam a nossa saúde, que deus não passa de um grande placebo da sociedade e que viver na ignorância custa nossa sabedoria, caímos em depressão novamente.

 Saber demais também custa caro. A ignorância é uma benção relativa. Maldição é saber demais. Quando se olha ao redor e se dispara "por ques" para todos os lados não costumamos chegar a respostas muito animadoras. Qual o sentido da vida? Existe alguém olhando por nós? Onde se encontra a felicidade? Trabalhamos para viver, ou vivemos para trabalhar? Muitas perguntas para poucas respostas.

Não acredito que haja um sentido na vida. Acredito que cabe à cada um dar seu próprio sentido a sua própria vida. Para assim evitarmos ou pelo menos reduzirmos a sensação de viver a esmo.

É duro acreditar que não há ninguém lá fora para cuidar da gente. É difícil aceitar que muito provavelmente estamos todos sozinhos. Para alguns chega ser até insuportável. Não acho que tentar arrancar a fé das pessoas a força seja a coisa certa a se fazer. Ainda mais quando essa pessoa estabelece deus como o sentido da sua vida. Tirar-lhes deus é tirar a principal pilastra de sua sustentação. Para alguém não preparado pode ser perigoso. Alguns podem viver bem sem deus, outros não. Acho que o máximo que se pode fazer é mostrar-lhes a porta, porém somente eles devem atravessá-la.

Também não acredito que uma pessoa possa SER feliz. Acredito sim que ela possa ESTAR feliz. A felicidade é momentânea. Como simples estações em uma longa linha de trem. Ela vem e vai, para depois vir e passar de novo. Portanto a sua procura é uma perda de tempo. A felicidade está aí, fragmentada e espalhada em vários pontos ao decorrer de sua vida.

Acho que infelizmente nós trabalhamos para viver e vivemos para trabalhar. Na minha cabeça o conceito de trabalho está deturpado. Sempre achei que o ser humano só trabalha para conseguir viver a sua vida. Mas hoje podemos ver que o trabalho tira em média 5 dias por semana e 12 horas por dia de tempo das nossas vidas. Deixando apenas 2 dias por semana para enfim vive-la. Trabalhamos mais do que vivemos e ao meu ver isso é triste. A vida é como ela é. E ainda assim as pessoas vivem.

3.3.14

O Experimento

Dia 24 de fevereiro de 2014. Fiquei o dia e a noite toda ponderando. Decidindo se colocaria o experimento em prática ou não. Só me decidi poucas horas do seu início. Não era só um experimento mas também um simples passeio, uma saída para uma sessão de cinema. Na verdade era mais uma saída para uma sessão de cinema do que um experimento. Tá, era uma saída para uma sessão de cinema, que devido as circunstâncias, caiu muito bem como um experimento, um teste.

 Eu queria assistir um filme chamado "Ela" (Her) do Spike Jonze. O enredo me atraiu e o elenco era ótimo. Além de eu ter uma certa simpatia pelo Joaquim Phoenix. Acontece que esse filme não estava em exibição nos cinemas que eu costumava frequentar. Dessa vez tive que me esforçar mais e descobrir o cinema mais perto de casa em que o filme em questão estava passando. Descobri o Cinépolis do Shopping JK Iguatemi. Shopping fino, de alta classe. Frequentado em sua maioria por gente de alto poder aquisitivo, frescos, engomadinhos e mauricinhos em geral. Aliás era um local jamais visitado por mim antes. Um cenário novo que me deixava inseguro e nervoso para uma visitação. Ambiente perfeito para colocar em prática um dos meus maiores medos e inibições: Exposição social em área desconhecida.

 Dia 25 de fevereiro de 2014. Cheguei em casa às 9 e pouco do serviço ainda hesitante. Já pensando em desistir. "Ela" seria exibido em apenas dois horários naquele dia, 13:30 e um outro depois das 18:00. Queria evitar o trânsito, então decidi que se eu fosse mesmo teria que ser do horário das 13:30. Não me deixei mais pensar em nada, coloquei o celular para despertar dali a 2 horas e fui dormir para evitar cochilos durante a sessão. Acordei às 11:48 mais ou menos. Um pouco antes do celular despertar. Era o nervosismo, acho. Não coloquei a minha melhor roupa, pois num ambiente luxuoso poderia atrair olhares julgadores. O que deixaria o experimento mais afiado. Saí de casa por volta das 12:00, sem almoçar. Tinha uma hora e meia para pegar um ônibus, um trem e chegar lá a tempo. Na minha cabeça era tempo o suficiente. E era mesmo. Eu só não contava com a imprevisibilidade da vida. Um acidente parou toda a avenida em que meu ônibus se encontrava. Fiquei um tempo preso no congestionamento mas consegui chegar no terminal.

 O trem também demorou pra sair. A viagem de trem até a estação em que eu ia descer levava em média 25 minutos. A sessão começava às 13:30 e o trem só começou a andar às 13:15. Fora o tempo que levaria a caminhada até lá, a procura do cinema em um shopping de 4 andares e a procura de um banheiro para evitar "interrupções urinárias" durante o filme. Cheguei a estação e fui direto ao banheiro. Do banheiro fui direto ao shopping. No caminho até lá, exércitos de executivos empacavam meu andar apressado. Cheguei no shopping e me deparei com um saguão enorme e espaçoso, com várias lojas de nomes de marcas que jamais ouvi falar. Não havia mais tempo para procurar, então fui logo perguntando para um dos seguranças onde ficava o cinema. Não lembro do que ele disse mas segui suas instruções.

 Subi três lances de escadas rolantes e para todos os lados que olhava só via executivos. Engravatados, camisas sociais bem passadas e valises de couro cintilante. Avistei o cinema. Sua entrada principal estava a 20 passos de mim, porém parecia bloqueada. Numa conversa entre um cliente e uma das atendentes, ouvi que o único acesso do cinema naquele momento, seria descendo no elevador e subindo mais um lance de escadas do outro lado, para uma entrada alternativa. Foi o que fiz. Cheguei na bilheteria e comprei o ingresso de 45 reais. Minha barriga roncava de fome, mesmo assim fiz como de costume, não comprei pipocas nem refrigerantes para não dividirem a minha atenção com o filme.

 Cheguei a tempo, na metade do último trailer antes do filme. A sala de projeção tinha formato de arquibancada. No lugar das habituais poltronas haviam sofás bem estofados, com uma espécie de mini abajur em cada lado. "Ela" começou. Somente ao término da sessão que fui notar, que na sala só tinha eu e mais duas senhoras de idade o tempo todo. Uma delas até abandonou a sessão aos 15 minutos finais.

 Ao sair do cinema, quando caminhava tranquilamente pelo shopping de encontro a saída, lembrei do experimento. Percebi que desde a minha chegada até o momento não me senti envergonhado, nervoso ou inibido de maneira alguma. Também não me lembro de ter visto um olhar julgador sequer. Ali, no meio do saguão espaçoso do Shopping JK Iguatemi, entre os executivos que iam e vinham, me senti normal, me senti mais um. No trem no caminho de volta pra casa, me senti a vontade no meio das pessoas, não me sentia mais um alien. Me sentia bem, me sentia igual a todo mundo ali. Além de fome, no final daquele dia, sentia um frio na barriga, e uma sensação de missão cumprida. Sensação tão rara pra mim. O experimento de exposição foi um sucesso. Sucesso que me trazia uma sensação boa, sensação boa que acabaria logo, eu sabia. Mas também soube que devia continuar tentando, para quem sabe um dia, transformar algo efêmero em algo contínuo.

19.2.14

Meu Brasil brasileiro

Eu gosto do Brasil. Digo, desse país em que nasci e vivo. Gosto, não amo. Amar é demais e, acredite, esse país não merece amor. Gostar já está de bom tamanho. Talvez seja só eu que tento ao máximo não banalizar a palavra "amor". Eu só digo que amo algo quando eu REALMENTE amo esse algo. Não saio por aí cuspindo amor aos cantos. Talvez por isso não seja um patriota. Sempre achei o patriotismo uma grande besteira. Amar um pedaço de terra só porque você nasceu nela simplesmente não faz sentido pra mim. Na verdade o Brasil nunca me deu motivos o suficiente para amá-lo.

 O Brasil é o país do futebol, não gosto de futebol. O Brasil é o país do carnaval, desprezo o carnaval. Quer saber do que o Brasil não é país? Do cinema, por exemplo. Eu amo o cinema, o meu país nem tanto. Amo tanto o cinema que queria seguir carreira de cineasta, e ganhar dinheiro escrevendo roteiros e dirigindo filmes. Mas o Sr. Brasil não coopera. Não existe incentivo o bastante nem para o cinema nem para a arte em geral por aqui. Assim o meu sonho profissional é dominado pelo desânimo e desistência. Um ponto negativo para o Brasil.

 Achou isso pessoal demais? Ok, vamos cavar mais fundo: Obrigação! Se há uma coisa que um país livre e democrático nunca deveria fazer é obrigar o cidadão a fazer algo que ele não quer. Em tempos de eleições, vemos comerciais na TV tentando nos convencer que o voto não é uma obrigação, e sim um direito. Acontece que o nosso lindo país é tão, mas tão democrático, que se caso eu resolver não sair de casa para votar, sou multado! Se é mesmo um direito, eu posso escolher não segui-lo e não sofrer danos por isso. Por isso o voto eleitoral se torna uma obrigação, e obrigação e democracia não se relacionam entre si. Mais um ponto negativo para essa terra tão querida.

 Ainda achou pouco para justificar a falta de amor que tenho pela minha pátria? Então vamos para o clichê: Não amo o Brasil por ele ser defeituoso. Uma nação com educação deficiente, saúde precária, segurança despreparada e um governo apodrecido pela corrupção. E a melhor parte é que o povo parece não ligar. Quer dizer, sambar em cima de carros alegóricos, ao lado de mulatas semi nuas, gritando tindo lê lê na maior alegria do mundo, não parece ajudar muito!

 Meus pais me ensinaram que antes da sobremesa, devo comer arroz e feijão primeiro. O Brasil é uma mulher de 300kg, que sempre deixa o prato de arroz e feijão de lado e avança logo para a sobremesa, e não gosta de ser chamada de gorda. Das caríssimas festas carnavalescas fora de contexto, às tentativas desesperadas do nosso governo de mostrar ao mundo que estamos preparados para sediar um enorme evento futebolístico mesmo não estando, que cada vez mais sinto vergonha de ser brasileiro.

 Viva o nosso país tropical!

31.1.14

Controversando: Casamento gay

Como já disse uma vez, sou contra o casamento entre pessoas em geral. Mas já que eu não mando na vida de ninguém e os héteros podem se casar entre si, por que não os gays? Assim, resumidamente, sim, sou a favor do casamento gay.

Por quê? Porque não vejo motivos para ser contra. Não me ofende, não me incomoda de maneira nenhuma. Inicialmente pode até parecer estranho ver duas pessoas do mesmo sexo se beijando, mas só inicialmente. Não sou mais criança. Não sou ingênuo, já sei que vivemos em uma sociedade onde pessoas diferentes existem. Sei também que se você não aceita uma pessoa por ela ser diferente, você é no mínimo ignorante. Se você agride uma pessoa por ela ser diferente, você é ignorante e imbecil. Agora, se você, de alguma forma, tenta impedir que uma pessoa pratique um direito civil (que ela tem), só porque ela é diferente, parabéns! Você é ignorante, imbecil e autoritário.

Ninguém manda na sua vida, porque você devia mandar na vida de alguém? Já ouviu aquele papo de que a sua liberdade termina onde a minha começa? É exatamente isso.

Mas eu não tento impedir os gays de se casarem, eu só não concordo, sou contra isso! Mas por que?

Sou contra porque é feio ver dois homens se beijando!
Mas ver duas mulheres se beijando é lindo, né?
 Nossas opiniões podem se divergir sobre o casamento gay, mas você deve concordar comigo quando digo que esse argumento é um dos mais fracos que existem. Ser contra algo só por esse algo ser feio chega a ser até infantil. Ver dois homens trocarem salivas não é mesmo uma das coisas mais belas do mundo. Nem por isso eu sou contra.

Sou contra, pois homossexualidade não é algo natural.
Parece que é sim. Nada foi comprovado 100% ainda, mas de todos os estudos que fizeram até agora, muitos apontam que a orientação sexual da pessoa é determinada ainda no útero da mãe. A homossexualidade seria um fenômeno natural caracterizada por uma má distribuição de hormônios na formação da criança. Ou seja, a homossexualidade é natural, não pode ser influenciada e, é claro, não tem "cura".
 Para mais esclarecimentos veja o vídeo:


Sou contra, pois o sexo é feito para procriar e construir uma família.
Sexo é feito para procriar? Quer dizer que toda vez que você fez sexo, e todas as vezes que for fazer, vai ser somente para ter filhos? Todos nós sabemos que gerar filhos não é a única finalidade do sexo. Não seja hipócrita.

Sou contra, pois isso é pecado!
Não vou abordar religião nesse texto. Então só vou dizer isso:
Quem disse que é pecado? A bíblia? Aquele mesmo livro de autor desconhecido? Que foi escrito há milênios, na época em que ainda acreditava-se que bebês que nasciam com má formações ou problemas mentais estavam possuídos por demônios e deviam ser mortos? na mesma época em que escravidão era vista como uma coisa certa? No tempo em que crendices e superstições ditavam a moralidade das pessoa?

Gays se casando não interferem em nada na sua vida. Uma guerra não vai começar nem o mundo vai entrar em colapso porque eles se casam. Gays têm tanto direito de se casarem, caírem na rotina, ficarem infelizes e se divorciarem quanto os héteros. 

22.1.14

Alice

Alice não se encaixava em padrões. Era decidida, independente, de personalidade forte. Culta, muito inteligente, falava francês. Adorava ler bons livros e assistir bons filmes. Gostava de música erudita e poesia. Contradizendo o que sua aparência costumava dizer. Jovem no início da casa dos 20, mas com espírito de mulher na casa dos 50. Era do tipo de mulher forte e dominante. Não se rebaixava a ninguém, ditava suas próprias regras e conduzia sua própria vida. Tiros de julgamentos alheios eram repelidos pelo seu sólido escudo de auto confiança. Nada abalava sua estrutura. E que estrutura! Não era tão alta nem tão baixa. Magra encorpada, nada em seu corpo era exagerado ou chamativo demais. Não tão chamativos quanto seus olhos hipnotizantes. Um par de olhos que se perdiam entre o azul e o verde e que se fechavam quando ela ria. Seus lábios eram carnudos e pareciam ser desenhados e estampados em um rosto de porcelana. Seus longos e castanhos cabelos eram cacheados e ficavam quase sempre soltos, repousados sobre seus pequenos e delicados ombros. Usava sempre vestidos de cores fortes que desciam até metade de suas coxas. Vestidos justos o suficiente para esculpir suas curvas através do tecido. A todo momento olhos masculinos a seguiam por onde passava.

Alice usava vestido justo e curto não para chamar atenção, mas porque gostava. Ainda assim, atenção masculina era sempre bem vinda.

Alice não tinha amigos. Não mais. Os amigos que tivera eram todos do tempo de escola. No tempo em que era assediada pelos rapazes e invejada pelas moças. Alice sabia o quão bonita era, mas jamais agiu com arrogância. Nunca se achou melhor que os outros. Era humilde e caridosa, ajudava quem precisasse de ajuda. Por isso se tornara popular e cheia de amizades. Dos pais era a queridinha. Filha única, linda e meiga. Esperta desde muito pequena. Aos 7 sua mãe já lhe ensinava francês e lhe apresentava ao mundo da música clássica. No seu aniversário de 15 anos, seu pai desembolsara uma enorme festa, com direito a banda, vestido de princesa e um príncipe encantado 3 anos mais velho, contratado para a grande dança da noite num baile digno de conto de fadas. Alice ainda lembra dessa noite mágica, quando abraçava firmemente seu pai e sussurrava em seu ouvido "Você é o melhor pai do mundo!", e viu lágrimas escorrerem do rosto de seu velho. Tanto seu pai quanto sua mãe a chamavam de "minha linda". 5 anos depois, ainda se lembra de ouvir seu pai a chamando de "sua puta". E ainda chora ao relembrar desse último encontro com ele. A única coisa que abalava sua estrutura e despedaçava seu sólido escudo de auto confiança, era o julgamento e a rejeição de seus pais. Alice passou a se considerar órfã. Ela amava muito seus pais, mas o amor deixou de ser recíproco. O orgulho se convertera em vergonha. A bela Alice fora abandonada pelos pais e amigos. Pois foi julgada. Julgada por seguir seus próprios e naturais instintos.

Alice nunca se incomodou com as indiretas das moças invejosas do tempo do colégio, muito menos com o assédio dos rapazes. No fundo ela até gostava de ser chamada de "gostosa" por eles. Alice gostava de se sentir desejada. "Havia algum problema nisso?" ela se perguntava. Alice perdera sua virgindade na festa de aniversário de 15 anos com o tal príncipe, no banheiro do salão de festas alugado pelo seu pai. Embora não fora tão confortável, Alice gostou da sua primeira vez. Da primeira, da segunda, da terceira, da quarta e da vigésima. A maioria com homens diferentes, algumas vezes com mais de um homem só. Alice encontrara no sexo casual um novo hobby. Era mais que isso, era algo que a fazia se sentir muito bem. Quando decidiu juntar o útil ao agradável guardou segredo por um tempo. Meses depois resolveu contar para seus pais, pois sentia que eles deviam saber. Era uma quarta-feira e chovia muito. Alice não parava de tremer e quando finalmente contou, um enorme silêncio tomou a sala. O silêncio antecedeu um dolorido choro de sua mãe. Seu pai apenas olhava petrificado.

 "Por quê? Você sempre teve tudo!", balbuciou sua mãe.

 Realmente, Alice tivera tudo.

 "Você tem dinheiro, faz faculdade! Você não precisa disso!", berrou seu pai.

 Realmente dinheiro nunca faltou, sua família era de classe média alta.

 Alice se tornara prostituta não pelo dinheiro, mas pelo sexo. Ainda assim dinheiro era sempre bem vindo. "Você não tem um namorado? Pra quê se submeter a isso, minha filha?", disse sua mãe chorosa.

 Alice já tentara um namorado uma vez. Não deu certo. Relações monogâmicas não a satisfaziam. Alice gostava do sexo casual, com homens diferentes.

Então viu o amor evaporar dos olhos dos seus pais. Foi expulsa daquele lugar. "SUA PUTA!" a última vez que ouvira a voz de seu pai. Na rua, a caminho de casa, Alice soluçava e chorava alto. Em meio às lágrimas e água da chuva, ela lembrou do príncipe encantado que tirara sua virgindade. O rapaz era popular entre os amigos. Conhecido por desvirginar aniversariantes de festas que era contratado. Saía por aí levando mulheres desconhecidas pra cama. Se orgulhava disso e seus amigos e familiares o apoiavam. Era um homem de verdade que honrava o que tinha no meio das pernas. Alice nunca entendera a diferença.

Ela acordava de manhã para ir à faculdade. No horário da tarde até a noite, recebia mensagens no seu celular e e-mails do seus clientes. Cobrava por hora, não muito caro. Combinavam o lugar e se encontravam. Ela fazia de tudo, sempre com proteção.

Alice era prostituta porque gostava de sexo. Do sexo casual, sem compromissos, sempre com parceiros diferentes. "Tinha alguma coisa de errado nisso?", ela se perguntava.

Alice não se encaixava em padrões.

20.1.14

Um passo de cada vez

Lembro-me de ter dito a minha mãe que eu odiava a escola e que eu queria que acabasse logo. Eu estava na quinta série, devia ter uns 11 anos. Ela riu, olhou pra mim e disse: "Falta muito pra acabar, ainda tem muita escola pela frente". Lá eu me sentia em um presídio. Portões de ferro, grades, muros altos, opressão. Éramos presidiários em regime semiaberto. Dormíamos em casa para no dia seguinte voltarmos à prisão. Já chegava querendo ir embora. Entrava ansioso para o intervalo, no intervalo ficava ansioso para voltar pra sala, na sala ficava ansioso para ir pra casa. Estar na escola era uma constante e cruel espera. Mas eu ia todos os dias. Era melhor me submeter a esse sacrifício agora para não ter problemas no futuro.

 Por toda vida escolar eu esperei pelo fim. Pensava que ao encerrar meus estudos seria um ser humano mais feliz. O meu último dia de aula seria o melhor dia da minha vida. Chegaria em casa, chutaria a mochila pra longe, queimaria os cadernos e as apostilas, botaria We Are the Champions do Queen pra tocar e me explodiria de alegria. Depois de mais de 10 anos eu estaria livre. Seria um sonho. Pobre e ingênuo garoto.

No meu último dia de aula minhas expectativas não estavam tão altas. Não estava tão ansioso quanto imaginei que estaria. Cheguei em casa contente, não feliz. Chutei a mochila, acabei não queimando nada, botei Queen pra tocar. Pela primeira vez em mais de 10 anos me vi livre da escola. Mas a felicidade que eu tanto esperei não veio. Pois estava preocupado. Na minha cabeça só um pensamento vagava: " A escola acabou, o que vou fazer agora?"

 Naquele momento percebi que por mais insuportável que a escola poderia ser, ela ainda ajudava a ocupar a minha cabeça. Me senti perdido, não sabia o que fazer a seguir. Precisava de um próximo passo. Foi aí que eu fui trabalhar em uma farmácia. Foram 2 meses e 3 dias de distração. Quando fui demitido voltei ao tédio caseiro. Fiquei 5 meses em casa parado. Querendo arranjar um emprego e ao mesmo tempo não querendo. Ainda odiava a escola com todas as minhas forças, mas tive que admitir que em um aspecto ela fez falta. Na escola, pelo menos, tinha a possibilidade de interagir com outras pessoas, mesmo a maioria sendo um bando de idiotas tinha um ou dois ali que eu gostaria de ter conhecido melhor.

Após esses 5 meses parado consegui um emprego de porteiro noturno. Ontem fez 1 ano e 5 meses que estou nessa. Foi bom enquanto durou, na matéria de ocupar a mente serviu bem como substituta da escola. Em fevereiro começo um curso que vai durar 1 ano e 2 meses. De abril para maio vou me demitir. Trabalhar a noite te estraga. Vou me dar umas férias. Tenho até uma pequena reserva de dinheiro para sobreviver a todo esse tempo parado. Daqui a 3 ou 4 meses voltarei a enfrentar o tédio. Como vou ocupar a minha cabeça agora? O curso não será o suficiente.

Pretendo sair mais nessas "férias". Livrarias, cinemas, caminhadas ao esmo, um banco no parque Ibirapuera para sentar e ver o tempo passar. Esse será o meu próximo passo. Um passo de cada vez.

10.1.14

Aviso

Passei para avisar que não acabou ainda. Não abandone o blog pois eu não o abandonei. Em 2014 PRETENDO postar com mais frequência. Eu não disse um post por semana, eu disse com mais frequência. Então esperem novos textos a qualquer momento, em qualquer dia.

A série de textos "Veja Antes de Morrer", na qual eu indico bons filmes pouco conhecidos volta. Começo também uma nova série no blog chamada "Controversando" onde dou minha opinião sobre temas mais polêmicos, é claro sempre dando espaço para vocês opinarem também, discordando e argumentando nos comentários. "Contos Randômicos", outra leva de textos que pretendo trazer, onde vou narrar pequenos contos e crônicas aleatórias. E é claro, os velhos e tradicionais posts "normais" do blog, afinal o nome desse blog é "chato"!

Espero que continuem visitando, lendo e comentando. Um bom ano pra todos e mãos à obra!


Ah, e um feliz aniversário atrasadíssimo para o Blog Chato, que completou 3 anos de existência dia 29 de novembro de 2013 e eu só lembrei agora!

8.1.14

21 anos e contando...

Oito de janeiro de dois mil e quatorze. Eu deveria estar sentindo algo a mais. Eu deveria estar um pouquinho mais feliz, um pouquinho mais animado, mais empolgado quem sabe? Mas não. Não sinto nada. Assim como os últimos oitos de janeiro que se foram, passaram irrelevantes, indiferentes. Eles só passaram.
Uns parabéns ali, uns bons presentes aqui, mas nada que mudasse drasticamente o meu humor corriqueiro.

Já tive oitos de janeiro mais emocionantes.

Hoje é dia oito de janeiro de dois mil e quatorze. No inicio do dia o Sol nasceu e no final ele vai se pôr. Como em todos os outros dias. Com a única diferença de que eu estarei um passo mais próximo do fim. O tempo não perdoa mesmo.

Vinte e um anos e contando...