31.12.11

Problema

Viver se resume a, basicamente, resolver problemas. Enquanto se vive, se está resolvendo problemas. Precisamos de problemas para viver. Se você não tem problemas, não tem vida.

Podemos definir como problema tudo aquilo que é ou será terminado, realizado, cumprido ou resolvido. Ou seja, problema também pode ser compromisso. Quando você deve acordar cedo porque tem uma consulta marcada no médico, é um compromisso (problema) a ser realizado (resolvido). Aí tem o problema de ir a escola, o problema de estar brigado com alguém que gosta, o problema de cuidar de alguém, o problema de estar doente, o problema de ir ao mercado fazer as compras da semana, o problema de ir trabalhar, o problema de conquistar alguém que ama, o problema de ter o que não tem, o problema de perder o que tem, o problema de melhorar o que tem, o seu problema, o meu problema e por aí vai.

Existem problemas que podem ser resolvidos na mesma hora em que surgem. Problemas que levam quase a vida inteira para serem resolvidos. Assim como problemas que não se resolvem, e deve-se aprender a conviver com eles.

Há pessoas com problemas mais sérios do que outras. Pessoas problemáticas e outras nem tanto. Pessoas que gostam de arranjar problema, pessoas que não entendem seus próprios problemas e precisam da ajuda de outras pessoas para resolvê-los. Pessoas que fogem dos problemas. Pessoas que ignoram. Há pessoas que se metem nos problemas dos outros. Pessoas que enxergam problemas onde não tem.

Existem problemas de nascença, problemas que surgem depois do seu nascimento e problemas que surgem depois da sua morte. Mas aí já não é problema seu.

Os problemas aparecem um de cada vez, dois de cada vez, três, cinco, dez. Você resolve um e aparece mais dois, você resolve dois e aparecem mais dez, você resolve dez aparecem mais três, você resolve três e aparecem mais cinquenta e seis. Mas tudo bem, é assim mesmo. Vivendo e resolvendo. Tava com esse problema de escrever um texto novo para o meu blog. Problema resolvido, agora vamos para o próximo.








Pular sete ondas, comer lentilha, usar branco, nada disso resolve seus problemas. Nada disso faz diferença na sua vida.

Nesse 2012 deixe de acreditar em superstições e acredite mais em você!

Feliz 2012.

16.12.11

Amores platônicos

Amor platônico: Amor não correspondido e idealizado. Amor impossível que você sente por alguém que não sabe de seus sentimentos ou não te conhece.

Vocês já devem ter percebido que eu sou do tipo "Loser" quando se trata de garotas. É deprimente pensar que no auge da minha juventude eu ainda ache muito difícil fazer/manter algum tipo de relacionamento com o sexo oposto. É deprimente ver que os meus primos da minha faixa etária, que cresceram e andaram sempre comigo, obtiveram sucesso em suas vidas sociais com meninas e eu fiquei atolado no mesmo lugar. Deprimente mas não o fim do mundo.
Eu tento não fazer desse problema algo muito sério, não me preocupo muito com isso, até porque antes de ter problemas com meninas, tenho problemas mais sérios comigo mesmo. Mas é claro, isso não deixa de ser um grande problema.

Eu não sei conversar com meninas. Sei que algumas meninas que leem o meu blog e que conversam comigo pelo msn podem achar isso um exagero. Sim, eu converso normalmente com vocês no msn, mas isso é no msn. Na vida real tudo é mais difícil e decepcionante. Pessoalmente eu ficaria calado numa conversa com qualquer uma de vocês. Tudo isso é resultado da minha exagerada introversão e timidez, somada com a minha falta de auto estima e auto confiança, multiplicada com o meu pensamento sobre mulheres. Esse tal de pensamento que tenho sobre as mulheres (pensamento que pode estar ridiculamente errado) é o seguinte:

As mulheres são bem mais complexas e complicadas de se entenderem. Muito mais que os homens. São mais exigentes, mais enigmáticas e difíceis de agradar. Por isso são mais difíceis de se relacionar. Não sei bem porque penso isso das mulheres. Talvez porque eu tenha achado mais fácil viver com homens. Durante a minha vida toda conheci e me dei melhor com garotos. E a única menina que eu consegui criar uma grande amizade na escola, era uma menina moleque. Sabe essas meninas com um jeito menino de ser? Pois é. Eu sei que por uma fração de segundos você tenha pensado nisso, mas não. Eu não sou gay, disso eu tenho certeza.

E é por ser assim, tímido e introvertido, que a minha auto estima melhora um pouco mais quando uma menina vem falar comigo ou falar de mim. Vejo esperança no meu futuro. Mas é por ser assim, do jeito que sou, que eu tenho passado e vivido tantos amores platônicos na vida. É muito difícil não ter um amor platônico na vida. Todos aqueles que ainda não tiveram, terão. Eu por exemplo já tive dezenas deles, e muito provavelmente continuarei tendo até o fim da minha velhice. Você não escolhe ter, você só tem. Quando você se apaixona platonicamente, você sofre e se deprime pois tem certeza que seu amor jamais será correspondido. Até que o tempo passa, sua paixão platônica vai embora para dar lugar a outra. E quase sempre tem sido assim comigo desde os 8 anos de idade.

Ano: 2001, 2º série do Ensino Fundamental. 8 anos de idade.
Nessa época, quem me levava pra escola era um casal que trabalhava com transporte escolar de crianças. O Tio Rubens e a falecida Tia Cida. Ela uma senhora simpática e generosa, ele um senhor bravo e ranzinza. Ele dirigia e ela cuidava e vigiava as crianças que iam nos bancos de trás da velha Kombi branca. Eu como outras crianças, era um dos passageiros do transporte. Todos os dias, Tio Rubens e Tia Cida, dirigiam a velha Kombi por todo o bairro buscando crianças na porta de suas respectivas casas, para então levá-los para a escola.

Como eu era o único passageiro que morava perto da casa do Tio Rubens, não precisavam me buscar, pois eu andava até a casa dos dois antes mesmo deles saírem para buscar as crianças. Por eu ser o primeiro passageiro eu via onde a Kombi parava para pegar os outros, e por isso sabia de cabeça onde todos os outros moravam. E a primeira paixão platônica que tive frequentava a mesma escola que eu, e a mesma Kombi. Tinha cabelos lisos, longos e negros e sua pele era morena, parecia uma índia. Seu nome eu não lembro, era tão incomum quanto o meu. Estava apaixonado por ela e ela não sabia. Nem ao menos me conhecia. Só de vista.

Comecei a considerá-la minha namorada. Aquela coisa de "ela é a minha namorada mas ainda não sabe". Poxa eu tinha 8 anos. Contei pra minha mãe que estava namorando uma menina que mal sabia da minha existência. Ela não entendeu bem, mas achou "fofo". Não sei nem porque fui contar isso pra ela, mais tarde eu ia me arrepender amargamente. Então, em um belo dia nublado e nebuloso, eu e minha mãe estávamos indo para a casa da minha vó, quando coincidentemente cruzamos com a minha "namorada" e sua mãe. Sussurrei pra minha mãe "Essa é a menina". Ela disse que achou a garota bonita e me deu razão por ter essa minha apaixonite por ela. Até aí tudo bem. Até minha tia convidar minha mãe a ir a um churrasco na casa de uma amiga dela. Não estava querendo ir, mas no final acabei indo com a minha mãe. Chegando lá a festa estava cheia. Depois de um tempo lá, eu pude perceber que, só por estar de noite eu não tinha notado que eu conhecia aquela rua, aquela casa, aquele lugar. Aí minha mãe grita pra mim "Olha, não é a sua namorada ali?" Eu olhei, e pro meu azar era ela sim. O churrasco era na casa dela.

Foi aí que a minha mãe começou a discursar e espalhar pra todo mundo ali, inclusive para a própria menina, que eu estava perdidamente apaixonado e considerava aquela menina, a minha "namorada imaginária". Foi um dos momentos mais constrangedores da minha vida. Eu fiquei ali parado, travado, olhando para um canto pra não poder olhar para a cara dos convidados. Pensando algo como "Mãe, pelo amor de Deus, o que você tá fazendo? Era o nosso segredo!" Depois da noite traumatizante, eu não queria ir mais a escola com medo de ser zoado por todo mundo. No fim, tudo que eu sentia por aquela menina desapareceu, acabei voltando para escola, fui zoado, deram risada de mim e decidi nunca mais contar segredos para a minha mãe. O que eu não sabia é que aquele amor platônico secreto, seria o primero de muitos que iam surgir.

Ano: 2002, 3º série do Ensino Fundamental. 9 anos de idade.
Antes de me apaixonar pela primeira vez, conheci Jennifer. Jennifer estudou na mesma sala que eu durante 3 anos seguidos, e também era levada pela Kombi da Tia Cida. Tinha a pele branca, cabelos lisos, longos e castanhos. Jennifer se tornou minha segunda paixão platônica na 3º série, terceiro e último ano que nos vimos. Ela era a tal menina moleque que eu tinha criado uma forte e séria amizade. A única amizade feminina que tive em todos os meus anos na escola. Ela andava sempre com os meninos. Seu círculo de amigos era composto somente por garotos. Acho que foi por causa disso que foi mais fácil fazer amizade com ela.

Jennifer já havia confessado que eu era o seu melhor amigo, e eu tinha dito o mesmo a ela. Éramos melhores amigos, andávamos sempre juntos na escola. Depois de um certo tempo, enquanto ela me via apenas como um bom amigo, eu comecei a vê-la como um pouco mais do que uma boa amiga. Jennifer nunca soube que estava apaixonado por ela. Ela era minha nova "namorada imaginária". Não há muito o que contar sobre ela e eu.

Houve um tempo que ela começou a me convidar para umas brincadeiras estranhas. Uma delas chamava-se "Eu Mostro o Meu, Você Mostra o Seu". Eu aceitei brincar disso com ela, mas na hora ela mudou de ideia. Alguns dias depois na sala de aula, ela tomou coragem e "mostrou o dela", mas eu nunca cheguei a "mostrar o meu". Já tinha escrito até uma carta estilo admirador secreto pra ela, mas nunca cheguei a entregar.

Depois da Jennifer, tive vários outros amores platônicos. A Aline, as duas Palomas, a Jéssica, a Ana, a Luana, a Amanda, a Maíra, a Cíntia, a outra Jéssica, e continuo tendo até hoje.

Ah, e sobre a história da Jennifer, quando a 3º série acabou fomos todos para outras escolas. Eu nunca mais a vi. Já faz uns 10 ou 11 anos que não a vejo. Mas por sorte eu era o primeiro passageiro da Kombi escolar do Tio Rubens e da Tia Cida. Por sorte eu ainda sei onde fica a casa onde buscavam a Jennifer. Só não sei se ela ainda mora lá. Talvez algum dia desses eu vá conferir. Apareço por lá, chamo pelo nome dela no portão, ela apareça e eu diga: "Oi, lembra de mim? Estudamos o 1º, 2º e 3º série juntos."

Quem sabe.

10.12.11

Fale agora ou cale-se para sempre

Há algum tempo atrás a união homoafetiva, ou casamento gay foi legalizada no Brasil. Agora os homossexuais poderão ser tão infelizes quanto os héteros. Isso que é igualdade. Antes de mais nada, quero esclarecer algumas coisas:

Andy, você é a favor ou contra o casamento gay? Sou a favor.

Por quê? Porque não vejo problema nisso, nem motivos para ser contra.

(Típico argumento homofóbico sobre casamento gay)
Mas você acha bonito ver dois homens se beijando e se agarrando? Não, não acho bonito. Não é pra achar bonito, é só pra ser justo e aceitar. Aliás, se formos depender da beleza para sobreviver, estaríamos todos mortos. A vida em si não é nada bela. A vida só é bela em poesias, músicas, novelas e contos infantis.

Mas e a bíblia? A bíblia condena o relacionamento de pessoas do mesmo sexo! E quem disse que a bíblia é um manual para a vida? Quem disse que ela dita as regras? Se você baseia a sua vida em um livro que ninguém sabe quem escreveu, você tá ferrado amigo.

Afinal, o foco desse texto não é sobre casamento gay, e sim sobre o casamento. Sim, eu sou a favor do casamento gay, mas não gosto muito da ideia de se casar. Vamos esquecer um pouco daquele estigma do casamento. Aquele senso comum que se aplica até mesmo em piadas, loiras são burras, portugueses são burros, gaúchos são viados e casamentos são ruins. Aquele que fala que casamento é uma prisão, quando se casa não tem mais sexo, e tal. Esqueceu? Tá bom.

Agora, querendo ou não, saiba que o casamento tira sim boa parte da sua liberdade, sendo você homem ou mulher. Casamento é compromisso, compromisso é dever e obrigação, quanto mais dever e obrigação menos liberdade. E particurlamente falando, liberdade é algo que dou importantíssimo valor. Sem a liberdade não consigo viver bem. A liberdade da qual me refiro é a liberdade de ir e vir para qualquer lugar que eu quiser, quando quiser, quantas vezes quiser, do modo que eu quiser, falar, escrever, desenhar, o que eu quiser, como eu quiser, quando quiser sem nenhum tipo de censura, proibição ou condenação. É claro, tudo dentro da lei e do bom senso.

E o casamento é quase o oposto de liberdade. No casamento você tem que ficar dando satisfações todo o tempo. Dizer onde você foi, onde você vai, quando vai voltar, o que estava fazendo, (vamos almoçar na casa da minha mãe?) sua vida começa a ser monitorada, vigiada, quase ditada. Além disso, quando você se casa, você deve passar 24 horas do seu dia todos os dias, junto de uma pessoa só. Falando assim até parece que as pessoas se casam com monstros. Não, eu sei. Quando uma pessoa resolve se casar, é claro que é com alguém que ela ame, e que queira ficar perto. Mas eu pelo menos, gosto de ter os meus momentos sozinhos às vezes, gosto de ter o MEU espaço. E na maioria dos casamentos é difícil ter isso.

Eu nunca me casei, mas pelo o que eu pude observar até hoje, a vida de casado é muito deprimente. E se tem uma coisa mais deprimente que se casar, é casar cedo demais. Se um dia eu for me casar (espero que nunca) será quando eu tiver beirando os 40 anos de idade. Se casar é se condenar a uma prisão de difícil fuga, casar-se antes dos 20 (ou na faixa dos 20) anos de idade é perder os melhores anos da vida numa gaiola. É quase sempre certo que quem casa cedo demais sofra e se arrependa muito depois. Tenho uma prima de 18 anos que está prestes a se casar. Não duvido nada que antes dos trinta ela se arrependa e se divorcie.

Por que o ser humano tem essa mania de complicar as coisas para si mesmo? Pra quê tanto atraso? Pra quê tanta perda de tempo? Pra quê tanta burocracia? Pra quê tanta frescura? Pra quê casamento quando se pode, simplesmente, ficar junto da pessoa que você ama sem "oficializar a relação". Fique com a pessoa que você ame, não precisa nem morar junto, basta ficar um tempo necessário com ela, para que depois no dia seguinte vocês se reencontrem de novo. Eu acredito que a saudade faça com que as pessoas permaneçam sempre unidas, sempre gostando uma da outra. Agora quando você vive sempre junto com a mesma companhia debaixo do mesmo teto, você acaba meio que enjoando dessa pessoa. Sem falar que, no namoro, quando o amor acaba, a relação não dá mais certo, basta cada um seguir o seu caminho. No casamento, quando os dois querem se separar, você tem que ficar esquentando a cabeça com advogado, papelada, burocracia. É burocracia pra entrar e burocracia pra sair.

Eu fico criticando e falando mal do casamento, mas eu sei que em algum dia provavelmente eu vou me render a ele também. Algum dia provavelmente eu encontre a minha "alma gêmea", a mulher que eu amo. E provavelmente essa mulher terá o mesmo sonho de milhões de outras mulheres ao redor do mundo, que é o de casar. Aí então, depois de muita insistência e depois de ter a absoluta certeza que ela é a mulher da minha vida, eu caso. Mas caso somente por ela, somente para vê-la feliz. Aquela coisa de se sacrificar um pouco pela pessoa que você ama, sabe?

Mas eu ainda não entendo e parece que nunca vou entender. Por que as pessoas se casam?

Bem, muitos ainda são contra o sexo antes do casamento, por isso se casam logo. Coisa de gente religiosa.

Outros dizem que só se casam porque acham bonito toda aquela cerimônia, vestido de noiva e tal. Bonito? Pra mim ainda não é um argumento.

Bonito, coisa de gente fresca. Tá aí, acho que é isso. Acho que é por isso que abomino tanto o casamento. Odeio burocracia, não me considero fresco e não sou nada religioso.

6.12.11

Finalmente

Após 15 anos de espera
Após 15 anos de tortura
Por fim a novela se encerra
Assim como boa parte da amargura

Foi uma longa jornada
Dolorosa jornada perdida
No final nem tudo foi ganho
Mas mesmo assim, a batalha foi vencida

Várias sessões de torturas vividas
Várias vontades e liberdades varridas
Criatividades escravizadas e mentes violadas
No final um problema a menos na vida

No meio de inúmeras cabeças lavadas
Releio lentamente as palavras faladas
Mal sabiam elas que estavam erradas
Bem sabiam elas que foram compreendidas

Por anos minha mente foi reprimida
Marcando involuntariamente a ferida
Deixando somente mantida
A felicidade da vida escolar resolvida

As únicas coisas boas
Que puderam me oferecer
Foram as aulas que me ensinaram
Ler e escrever

Ah escola chata, nunca sentirei sua falta
Por fim você se foi, minha paciência já estava em alta
Ah minha odiada escola, tente me entender
Se você não acabasse agora, eu teria que morrer.