17.4.18

#2 - sobre um poema sem rimas

É o vácuo. É o nada.
É o vazio que não se preenche.

É a recusa de um papel
Em um filme previsível.

A renúncia de um cargo pré-determinado a você.

O habeas corpus definitivo
Da prisão domiciliar sagrada.

A rachadura de um paredão oco de tradições.

É o meu "não".

É decisão justa e consciente de falar agora e não se calar para sempre.

2.4.18

# 1 - sobre o que mudou

Criei o Blog Chato no fim de 2010. Estava de férias do colégio e entediado. E a ideia de mostrar meus textos e pensamentos para estranhos na internet era atraente. Porque eu era desesperado por atenção. E desesperado por amigos.

Era um adolescente absurdamente tímido e inseguro. Não mudei tanto nestes aspectos, mas melhorei muito. Minha autoestima vivia no chão e refletia o título do blog - "Blog Chato" era mais um mecanismo de defesa contra eventuais críticas que pudesse receber. "Meu blog é chato? Sim, amigo, eu sei, este é o nome dele!". Se eu me critico primeiro, ninguém mais pode me criticar, certo?

 Hoje minha autoestima orbita um pouco mais acima do chão, mas ainda é frágil.

Coisas mudaram nos anos em que estive afastado, usando o blog como depósito de lixo linguístico.

1- Conheci mais dois psicólogos na minha nova empreitada para a terapia. Espero nunca mais conhecer mais nenhum. Parei faz um ano e 5 meses, para voltar a trabalhar.

2 - Este mesmo novo emprego, que era na área de segurança no estacionamento de um Shopping, me ajudou um pouquinho mais a desenvolver minha confiança e comunicação interpessoal. Ajudou mais que a terapia, para falar a verdade. Acho que viver a vida continua sendo a melhor terapia possível.

3 - Comprei um Notebook para edição de vídeos e agora posso praticar uma das coisas que mais gosto de fazer na vida. Cinema é a minha maior paixão. Todo o processo de construção de um filme - roteiro, direção, atuação e edição, principalmente - me fascina. Já editei alguns vídeos que pretendo postar no YouTube um dia. Estou animado.

4 - Comecei a fazer um curso de teatro para me desinibir e desenvolver minha autoconfiança. E se nada der certo, posso dar uma de ator.

5 - Tive experiências com algumas drogas. Outra coisa na qual me desvirginei. É triste perceber que só consigo me divertir em festas, me soltar e ser 100% autêntico quando estou drogado.

6 - Como já dito, minha autoestima melhorou. Ainda está longe do ideal, mas já é alguma coisa.

Ainda tenho os meus dias - os dias que estou naqueles dias. Mas todo dia é um novo dia. Uma nova oportunidade para tentar fazer diferente do passado.

Nossa, às vezes nem eu aguento meu otimismo ocasional.