26.8.11

Minha Favorita

Você é minha favorita
A favorita das minhas salvadoras
De todas as minhas doutoras
É você quem vai me salvar

Você é a minha vacina
Conversando você me ensina
Seus conselhos de menina
Na minha veia quero injetar

Você é a minha droga
Você é o meu remédio
Conversando com o tédio
Aprendi a te escutar

Você é o meu analgésico
Preciso de você com frequência
Você é a dependência
Dependência do meu bem estar

E a situação não estava tão complicada quanto eu pensava estar
Preciso de você por perto pra me mostrar como devo pensar
Preciso do seu humor esperto para me mostrar o que devo ou não me tornar
Preciso do seu tempo certo para poder me acalmar
O esforço que você faz para me curar, é o mesmo esforço que faço para não me apaixonar

Na simplicidade admirável
Na conversa agradável
Eu me pergunto:
Nossa amizade é feita de verdade,
Ou de plástico descartável?

- Inspirado na música "Blandest" do Nirvana.

16.8.11

Solitude

Desde criança foi assim, sozinho, solitário, silencioso. Desde o dia do meu nascimento, que por pouco não foi o dia da minha morte. Desde a UTI. A incubadora. Desde quando meu pai me pegou no colo, ou na palma de sua mão como ele mesmo disse, eu parecia fadado. Nasci pardo, minúsculo, com uma pequena quantidade de cabelo liso na cabeça, olhos castanhos escuros. Nasci bebê. Nasci sozinho, pois nasci filho único, pois nasci o primeiro de quatro irmãos. E desde cedo eu já parecia levar jeito pra coisa. Essa coisa de ficar sozinho.

Depois de semanas na incubadora do hospital por complicações no parto, enfim fui para casa. Morava com meu pai e com minha mãe, e assim como eu, minha casa era minúscula com dois cômodos apenas. A casa ficava na Rua Egeu, num bairro bonito e tranquilo próximo a Avenida Atlântica. O quintal da minha casa era espaçoso, porque o quintal da minha casa era o trabalho do meu pai. Uma oficina mecânica. E desde aquele tempo eu ainda me lembro, eu parecia ser a única criança da rua. Posso estar errado, ali poderia ter mais crianças, talvez. Mas se realmente houvesse crianças na minha vizinhança, não fiz amizade com nemhuma delas. O fato é, eu não me lembro de criança nenhuma naquele lugar.

Então só me restava brincar sozinho, eu e meu mundo de imaginações. Meus primos moravam longe e me visitavam pouco. A maior parte do tempo era só eu e eu. Eu pulava, corria, dava risada e pelo contrário do que muitos costumam dizer "é impossível ser feliz sozinho" eu era feliz demais. Depois de um tempo a minha família se mudou para a periferia. A nova casa tinha agora 3 cômodos relativamente espaçosos e um quintal razoavelmente grande, não tão grande quanto o antigo quintal. Mas em compensação eu tinha a laje. Um espaço grande e vazio na parte de cima de casa. Era agora o meu novo playground solitário. A laje ficava no nível da rua, da rua podia-se ver minha laje e da minha laje podia-se ver a rua.

Na laje eu brincava de Superman ou de Batman ou de qualquer outro Super herói. Dava socos no ar para atingir criminosos imaginários, falava com pessoas imaginárias. Pessoas passavam na rua e me flagravam fazendo esse tipo de coisa. Um moleque sozinho na laje de casa conversando e brigando com pessoas invisíveis. Ganhei uma leve fama de louco. Por um período tinha quase certeza de que meus pais pensavam que eu era autista. Não só por ser sozinho, mas por não conseguir me enturmar com ninguém. A minha nova rua tinha crianças da minha idade. Mesmo assim, levou um tempo até eu me tornar mais sociável.

Estava começando a frequentar a escola, e estava ficando um pouco mais extrovertido, mas ainda quieto. Arranjei alguns amigos na minha rua, com quem começava a brincar. Tive uma inevitável recaída e os poucos amigos que tinha começaram a se distanciar. Eu simplesmente não gostava das coisas que eles gostavam, e eles não gostavam das coisas que eu gostava. Sempre têm sido assim. Meus primos, meus melhores amigos de sempre agora eram meus únicos amigos de sempre. Quando não estava completamente só, estava com eles. Percebi que conforme o tempo ia passando mais fechado e antisocial eu ia ficando. Me afundei tanto no meu problema social que nem via a adolescência passar. Ela veio e se foi. Quando vi já era tarde.

Meus primos arranjaram suas legiões de novos amigos e cada um tem sua vida agora. Eu não. Eles foram viver e eu fiquei no mesmo lugar que sempre estive. No mesmo lugar desde o meu nascimento. Parado, esperando não sei o quê. Acabei me fechando no meu mundo privado. Meu mundo particular. Onde é dificíl sair e dificíl de deixar os outros entrarem. Voltei a ser o moleque da rua sem crianças.

7.8.11

Platônico

Venho aqui te dizer que vivo perdendo tempo pensando em você.

Venho aqui te dizer que adoro você, adoro o seu jeito de ser, o seu jeito de se mover. Adoro o som da sua voz, seu sorriso, seus olhos.

Venho aqui te dizer que me importo e que faria qualquer coisa por você. Te dizer que encontrei a perfeição em você. Dizer que quando te vejo, sinto um formigamento no estômago e um aperto no coração.

Dizer que você está sempre na minha cabeça mas não nos lugares onde vou.

Dizer que não há ninguém como você. Que você é única.

Dizer que eu poderia me sentar e te assistir pelo resto que me sobra de vida. Que o que eu sinto por você não dá para ser expressado em palavras.

Te dizer que me sinto mal por te ver e não poder te tocar. Te abraçar.

Te dizer que você me curou, me desarmou, me tirou a atenção, a capacidade de concentração.

Não consigo mais parar de te visualizar na minha cabeça. Penso muito em você, mas você não pensa em mim. Porque eu te conheço, mas você não me conhece.


Gostaria de ficar com você.

Gostaria de ter você ao meu lado.

Gostaria que você me amasse tanto quanto eu te amo.

Gostaria que tudo isso fosse recíproco.


Mas eu sei que não é, e nunca vai ser.