23.12.10

Sendo chato

De uns tempos pra cá, pensando na vida e observando as coisas ao meu redor, eu descobri uma coisa: Eu sou estranho!
Não sei se a palavra "estranho" define bem o que eu sou pra mim, mas definitivamente sou estranho para as outras pessoas. Tudo que uma pessoa normal gosta ou faz, eu não gosto nem faço. Eu sou diferente da grande maioria das pessoas, eu sempre fui diferente. e quando eu falo que sou diferente das outras pessoas, eu não quero dizer que sou melhor que elas. Muito pelo contrário: Eu sou pior que muita gente. Mas na verdade não se trata de melhor ou pior, e sim de diferenças. Como eu posso dizer? Eu não correspondo aos padrões dessa sociedade. Desde criança. Eu vou explicar.

Em alguns posts atrás, eu deixei bem claro que não gosto de futebol. E por nunca gostar, quando criança eu nunca jogava bola com os outros garotos. Até porque eu nunca tive a mínima habilidade pra coisa. Eu não sei driblar, fazer embaixadinhas, pegar no gol, não sei nem chutar uma bola direito!
Por isso eu não participava de brincadeiras de bola, para evitar passar vergonha na frente dos outros meninos.

Lembro-me também que alguns meninos gostavam de bolinhas de gude. Eles ficavam jogando uma bolinha para acertar a outra. Eu nunca gostei disso também. Eu até gostava das bolinhas por elas serem bonitas. Eu não gostava de brincar com elas. Tirava toda a beleza das bolinhas, e as estragavam.

Uma coisa que eu gostava de colecionar e nunca brincar porque acabava estragando também, eram os cards. Cartões pequenos de papelão, com desenhos Mangá (ou Anime, sei lá) impresso. Tipo Yu-Gi-Oh, sabe? Eu usava esses cards apenas para colecionar e duelar, como no desenho. Já os outros garotos os usavam para "bater card". Era uma espécie de jogo, no qual dois garotos, ou mais, apostavam um certo número de cards, e com a palma da mão, batiam na pilha da cards apostados para poderem virar esses cards do lado oposto que inicialmente estavam. Os cards que você conseguisse virar eram seus. Eu apostei uma vez com meu primo. Ele acabou levando os meus cards favoritos embora. Desde então, nunca mais apostei cards. Além de perder cards para sempre, você acabava ferrando a sua mão também, de tanto bate-las nos cards (que geralmente estavam no chão).

Outra coisa que os garotos gostavam, ainda gostam e eu sempre odiei, são as pipas. Aquele troço voador feito de varetas, papel, linha e sacola. O cara faz a pipa ou já compra feita, se mata para colocar aquela porra no ar, e quando finalmente consegue, o que ele faz depois? Nada! Fica lá olhando a pipa voar, enquanto segura ela por uma linha. Onde está a graça nessa brincadeira?
Talvez para colocar um pouco de emoção nessa coisa de soltar pipa, eles adicionaram o cerol. Cerol é uma coisa feita a base de cacos de vidro que se aplica na linha da pipa. A linha com cerol fica quase tão afiada quanto gilete. O cerol é feito para a linha do seu pipa, cortar a linha de outras pipas, e a cabeça das pessoas também. Transformando a pipa de uma brincadeira chata e monótona, para uma brincadeira perigosa e estúpida.
Com o cerol o ato de soltar pipa virou uma espécie de "guerrinha". Todo mundo pega a sua pipa, aplica o cerol na linha e sai em duelos aéreos para ver quem corta a linha de quem. E quem fica com a pipa de quem, logo depois de ela cair. O famoso "mandado". O moleque gasta dinheiro comprando a pipa, se mata para colocá-la no ar, e quando emfim consegue, tem sua pipa cortada por outra pipa com cerol. Daí ele quebra as pernas pulando da laje, quebra a cara correndo na rua, arranja briga pra decidir quem pegou a pipa primeiro, perde a pipa. E aí? O que esse moleque faz? Compra outra pipa!!

O tempo passou, e na adolescência é a mesma coisa. Adolescente que é adolescente, gosta de festa, boate, balada, namorar e zuar por aí. Pra mim festa, balada e boate são a mesma merda. Ambas as três tem muita gente, e eu odeio multidões. Ambas as três sempre tocam música alta e ruim. Eu odeio música alta, ainda mais quando é ruim. Tendo muita gente e música ruim consequentemente, ambas as três tem pessoas dançando. Não gosto de dançar, não sei dançar e olhar gente dançando ás vezes é constrangedor. Tendo gente, música e dança, obviamente tem bebida alcoólica. Bebida alcoólica deixa as pessoas bêbadas, e não só eu, mas todo mundo odeia bêbados.
E sobre o namoro, bem, eu nunca namorei na vida, e talvez nunca irei namorar. Não é porque eu não gosto, o problema é que eu sou feio. E não sejamos hipócritas, mas todo mundo quer namorar alguém no mínimo bonito! Isso é fato.
E sobre zuar por aí...bem, apenas não faz o meu tipo. Concluíndo: Nunca gostei de futebol, nunca gostei de brincar de bolinha de gude, nunca gostei de bater card, nunca gostei de soltar pipa, nunca gostei de balada e nunca gostei de várias outras coisas que você provavelmente gosta. Um texto num post normal de um blog, é muito pouco para listar as coisas que eu detesto. Eu não gosto mais do que gosto das coisas.

Sou diferente ou não sou? Sou chato ou não sou? Sou estranho ou não sou? Pois é, mas em tempos como este, é melhor ser estranho, diferente e chato, do que ser normalzinho demais, legalzinho demais e igual à todo mundo.

5 comentários:

  1. Anônimo15:08:00

    Andy

    Eu me lembro que na escola, quando vinham com aquelas perguntas sobre o que você mais gosta de fazer, eu ficava constragida porque sinceramente não sabia do que eu mais gostava. Para não passar vergonha, eu respondia alguma coisa clichê.

    Você é um cara autêntico e que consegue perceber mais as coisas e, por isso, consegue criticar esse mundo chato, onde o "gado" faz o que é previsível.

    Se você gosta de ler, de aprender, de ouvir boa música, acho que já está suficiente. Essas coisas não são menos importantes que gostar de festa.

    Um abraço

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  2. Anônimo16:16:00

    Me identifiquei bastante, odeio festas, música alta (e ruim) gente dançando e gente bêbada... e eu também nunca namorei, nem sequer beijei alguém.
    Eu também sou diferente e estranha, e não tenho a mínima vergonha disso. Só acho que isso não me faz ter menos amigos por que eu tenho um "dom" de fazer com que as pessoas gostem de mim (não pergunte como, nem eu mesma sei.)
    Abraço.

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  3. Anônimo16:40:00

    Os feios também namoram rapaz, ainda mais você que é homem, as meninas ligam menos pra isso, basta você conquista-la.
    E não há nada de errado em ser diferente. Qual o sentido, a lógica de gostar das mesmas coisas que as outras pessoas?
    Eu sou meio esquisita e aprendi a me aceitar, rs

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  4. Ei Andy, tudo que você odeia eu também odeio, pensava que era só eu que odiava multidões, odeio que as pessoas fiquem olhando para mim, também colecionei cards, tinha muitas mesmo de Yu-gi-oh e pokemón. Se você considera isso diferente, eu também sou diferente (:

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  5. Sherlock Holmes12:47:00

    Ser normal que é chato! estranho é vc fazer td igual!
    parabéns Andy!
    mais as vezes coisas de uma pessoa normal deve ser bom pra alguem estranho experimentar!

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