16.12.11

Amores platônicos

Amor platônico: Amor não correspondido e idealizado. Amor impossível que você sente por alguém que não sabe de seus sentimentos ou não te conhece.

Vocês já devem ter percebido que eu sou do tipo "Loser" quando se trata de garotas. É deprimente pensar que no auge da minha juventude eu ainda ache muito difícil fazer/manter algum tipo de relacionamento com o sexo oposto. É deprimente ver que os meus primos da minha faixa etária, que cresceram e andaram sempre comigo, obtiveram sucesso em suas vidas sociais com meninas e eu fiquei atolado no mesmo lugar. Deprimente mas não o fim do mundo.
Eu tento não fazer desse problema algo muito sério, não me preocupo muito com isso, até porque antes de ter problemas com meninas, tenho problemas mais sérios comigo mesmo. Mas é claro, isso não deixa de ser um grande problema.

Eu não sei conversar com meninas. Sei que algumas meninas que leem o meu blog e que conversam comigo pelo msn podem achar isso um exagero. Sim, eu converso normalmente com vocês no msn, mas isso é no msn. Na vida real tudo é mais difícil e decepcionante. Pessoalmente eu ficaria calado numa conversa com qualquer uma de vocês. Tudo isso é resultado da minha exagerada introversão e timidez, somada com a minha falta de auto estima e auto confiança, multiplicada com o meu pensamento sobre mulheres. Esse tal de pensamento que tenho sobre as mulheres (pensamento que pode estar ridiculamente errado) é o seguinte:

As mulheres são bem mais complexas e complicadas de se entenderem. Muito mais que os homens. São mais exigentes, mais enigmáticas e difíceis de agradar. Por isso são mais difíceis de se relacionar. Não sei bem porque penso isso das mulheres. Talvez porque eu tenha achado mais fácil viver com homens. Durante a minha vida toda conheci e me dei melhor com garotos. E a única menina que eu consegui criar uma grande amizade na escola, era uma menina moleque. Sabe essas meninas com um jeito menino de ser? Pois é. Eu sei que por uma fração de segundos você tenha pensado nisso, mas não. Eu não sou gay, disso eu tenho certeza.

E é por ser assim, tímido e introvertido, que a minha auto estima melhora um pouco mais quando uma menina vem falar comigo ou falar de mim. Vejo esperança no meu futuro. Mas é por ser assim, do jeito que sou, que eu tenho passado e vivido tantos amores platônicos na vida. É muito difícil não ter um amor platônico na vida. Todos aqueles que ainda não tiveram, terão. Eu por exemplo já tive dezenas deles, e muito provavelmente continuarei tendo até o fim da minha velhice. Você não escolhe ter, você só tem. Quando você se apaixona platonicamente, você sofre e se deprime pois tem certeza que seu amor jamais será correspondido. Até que o tempo passa, sua paixão platônica vai embora para dar lugar a outra. E quase sempre tem sido assim comigo desde os 8 anos de idade.

Ano: 2001, 2º série do Ensino Fundamental. 8 anos de idade.
Nessa época, quem me levava pra escola era um casal que trabalhava com transporte escolar de crianças. O Tio Rubens e a falecida Tia Cida. Ela uma senhora simpática e generosa, ele um senhor bravo e ranzinza. Ele dirigia e ela cuidava e vigiava as crianças que iam nos bancos de trás da velha Kombi branca. Eu como outras crianças, era um dos passageiros do transporte. Todos os dias, Tio Rubens e Tia Cida, dirigiam a velha Kombi por todo o bairro buscando crianças na porta de suas respectivas casas, para então levá-los para a escola.

Como eu era o único passageiro que morava perto da casa do Tio Rubens, não precisavam me buscar, pois eu andava até a casa dos dois antes mesmo deles saírem para buscar as crianças. Por eu ser o primeiro passageiro eu via onde a Kombi parava para pegar os outros, e por isso sabia de cabeça onde todos os outros moravam. E a primeira paixão platônica que tive frequentava a mesma escola que eu, e a mesma Kombi. Tinha cabelos lisos, longos e negros e sua pele era morena, parecia uma índia. Seu nome eu não lembro, era tão incomum quanto o meu. Estava apaixonado por ela e ela não sabia. Nem ao menos me conhecia. Só de vista.

Comecei a considerá-la minha namorada. Aquela coisa de "ela é a minha namorada mas ainda não sabe". Poxa eu tinha 8 anos. Contei pra minha mãe que estava namorando uma menina que mal sabia da minha existência. Ela não entendeu bem, mas achou "fofo". Não sei nem porque fui contar isso pra ela, mais tarde eu ia me arrepender amargamente. Então, em um belo dia nublado e nebuloso, eu e minha mãe estávamos indo para a casa da minha vó, quando coincidentemente cruzamos com a minha "namorada" e sua mãe. Sussurrei pra minha mãe "Essa é a menina". Ela disse que achou a garota bonita e me deu razão por ter essa minha apaixonite por ela. Até aí tudo bem. Até minha tia convidar minha mãe a ir a um churrasco na casa de uma amiga dela. Não estava querendo ir, mas no final acabei indo com a minha mãe. Chegando lá a festa estava cheia. Depois de um tempo lá, eu pude perceber que, só por estar de noite eu não tinha notado que eu conhecia aquela rua, aquela casa, aquele lugar. Aí minha mãe grita pra mim "Olha, não é a sua namorada ali?" Eu olhei, e pro meu azar era ela sim. O churrasco era na casa dela.

Foi aí que a minha mãe começou a discursar e espalhar pra todo mundo ali, inclusive para a própria menina, que eu estava perdidamente apaixonado e considerava aquela menina, a minha "namorada imaginária". Foi um dos momentos mais constrangedores da minha vida. Eu fiquei ali parado, travado, olhando para um canto pra não poder olhar para a cara dos convidados. Pensando algo como "Mãe, pelo amor de Deus, o que você tá fazendo? Era o nosso segredo!" Depois da noite traumatizante, eu não queria ir mais a escola com medo de ser zoado por todo mundo. No fim, tudo que eu sentia por aquela menina desapareceu, acabei voltando para escola, fui zoado, deram risada de mim e decidi nunca mais contar segredos para a minha mãe. O que eu não sabia é que aquele amor platônico secreto, seria o primero de muitos que iam surgir.

Ano: 2002, 3º série do Ensino Fundamental. 9 anos de idade.
Antes de me apaixonar pela primeira vez, conheci Jennifer. Jennifer estudou na mesma sala que eu durante 3 anos seguidos, e também era levada pela Kombi da Tia Cida. Tinha a pele branca, cabelos lisos, longos e castanhos. Jennifer se tornou minha segunda paixão platônica na 3º série, terceiro e último ano que nos vimos. Ela era a tal menina moleque que eu tinha criado uma forte e séria amizade. A única amizade feminina que tive em todos os meus anos na escola. Ela andava sempre com os meninos. Seu círculo de amigos era composto somente por garotos. Acho que foi por causa disso que foi mais fácil fazer amizade com ela.

Jennifer já havia confessado que eu era o seu melhor amigo, e eu tinha dito o mesmo a ela. Éramos melhores amigos, andávamos sempre juntos na escola. Depois de um certo tempo, enquanto ela me via apenas como um bom amigo, eu comecei a vê-la como um pouco mais do que uma boa amiga. Jennifer nunca soube que estava apaixonado por ela. Ela era minha nova "namorada imaginária". Não há muito o que contar sobre ela e eu.

Houve um tempo que ela começou a me convidar para umas brincadeiras estranhas. Uma delas chamava-se "Eu Mostro o Meu, Você Mostra o Seu". Eu aceitei brincar disso com ela, mas na hora ela mudou de ideia. Alguns dias depois na sala de aula, ela tomou coragem e "mostrou o dela", mas eu nunca cheguei a "mostrar o meu". Já tinha escrito até uma carta estilo admirador secreto pra ela, mas nunca cheguei a entregar.

Depois da Jennifer, tive vários outros amores platônicos. A Aline, as duas Palomas, a Jéssica, a Ana, a Luana, a Amanda, a Maíra, a Cíntia, a outra Jéssica, e continuo tendo até hoje.

Ah, e sobre a história da Jennifer, quando a 3º série acabou fomos todos para outras escolas. Eu nunca mais a vi. Já faz uns 10 ou 11 anos que não a vejo. Mas por sorte eu era o primeiro passageiro da Kombi escolar do Tio Rubens e da Tia Cida. Por sorte eu ainda sei onde fica a casa onde buscavam a Jennifer. Só não sei se ela ainda mora lá. Talvez algum dia desses eu vá conferir. Apareço por lá, chamo pelo nome dela no portão, ela apareça e eu diga: "Oi, lembra de mim? Estudamos o 1º, 2º e 3º série juntos."

Quem sabe.

7 comentários:

  1. Anônimo15:25:00

    ah, vai la mesmo. vai q ela ainda mora la, lembra de vc como vc lembra dela.. nunca se sabe né

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  2. Raiane17:10:00

    Você que é todo tímido, ir na casa dela e dizer isso? Seria um avanço. Vá lá. :)

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  3. Anônimo17:25:00

    Nossa,que legal,eu tenho 14 anos,e já tive alguns amores platônicos.Até mesmo pela internet.É triste demais,principalmente depois que você idealiza aquilo.Eu apoio a ideia de ir até casa da Jeniffer.Talvez ela lembre de você do mesmo jeito que você lembra dela.

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  4. Eu tenho basicamente a mesma história, só que eu sou guria né. Hahaha. Mas durante o ensino fundamental e ensino médio acho que nunca tive amores platônicos, só sentia uma espécie de "atração muito forte" por alguns guris (eu me considero um tanto emotiva, mas você hein? hehe). Não chegava a gostá-los porque aqueles que eu achava mais "interessantes" eram justamente os mais babacas , e isso chegava em primeiro lugar antes de qualquer coisa. ;)

    Mulher ser complicada? Haha, não acho. Eu acho que mulheres complicam quando vem com aquelas ladainhas idiotas sentimentais demais ou feministas demais só porque dizem que deve ser assim. tipo "ai, você falou isso de mim?"; "ai, você não notou que mudei o cabelo?". É tudo besteira, claro... a maioria é assim hoje, não todas, óbvio.

    Homens são mais complicados. Não raciocinam, só pensam besteira, querem falar de futebol, cerveja, barriga, a bunda da Valesca Popozuda e são muito restritos. Se uma guria que não esteja querendo "amizade colorida" com eles querer tentar ser gentil, entrar no mundo deles eles te olham meio atravessado e pensam "essa guria é doida". E já te ignoram porque você se veste diferente, age diferente, pensa diferente e não sai se oferecendo para qualquer um passar a mão, dar comentários bagaceiros ou ficar beijando qualquer um. Porque você não é como as outras. Você pensa, tem personalidade e exige respeito. E às vezes é até mais inteligente que eles (só que eles DETESTAM quando você é mais inteligente que um homem ... imagina, uma mulher inteligente?).
    Eu falo isso por mim... experiência própria. Mas nem por isso mudo o meu jeito. Se não for para encontrar alguém de credibilidade, morro sozinha e não me importo com isso. Pronto!

    Deu! Desabafei (mais uma vez) no teu blog.. hahah XD
    Mas isso é para também te mostrar o outro lado... as gurias que são diferentes e sofrem também. Isso é assim para ambas as partes, meu amigo.

    ;)

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  5. "Você é o brinquedo caro
    E eu a criança pobre
    O menino solitário que quer ter o que não pode
    Dono de um amor sublime
    Mas culpado por querê-la
    Como quem a olha na vitrine
    Mas jamais poderá tê-la"
    Legião Urbana - porque será que eu amo essa música? Amor platônico é o que há! '-'

    E...Não, ela não lembra de vc.

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. Anônimo12:17:00

      Certeza que ela se lembra de você. Coisa engraçada, não lembro de NINGUEM que estudou comigo no ano passado mas lembro perfeitamente quem estudo comigo nove anos atrás. Só as importantes, é claro.

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