26.6.12

Do que me arrependo nos tempos escolares

Me arrependo de ficar calado demais. Me arrependo de não responder à altura. De não ofender quando fui ofendido. Não ferir quando fui ferido. Não perseguir quando fui perseguido.

Olhando para trás agora, vejo que poderia ter sido diferente. Poderia ter deixado de ser apenas um fantasma passivo e ter deixado alguma história. Poderia ter deixado um legado. Poderia ter deixado minha marca em escolas, marcando rostos de pessoas que me marcaram. Olho por olho.

Nunca briguei e nunca fui de brigar. Não porque sou um hippie paz e amor. Mas porque tinha medo das consequências. Tinha medo da dor caso apanhasse e medo das represálias caso batesse. Muitos dos meus agressores sempre foram maiores e mais fortes que eu. Isso sempre fazia com que eu atuasse como a mulher submissa que apanhava calada, sem revidar. Outros deles eram menores e tinham o mesmo físico que eu. Ou seja, físico nenhum. Eram caras que eu tinha certeza que poderia bater, mas mesmo assim, nunca reagi.

Numa única vez, num momento de explosão, quando finalmente resolvi revidar, acabei acertando a professora com uma cadeira.

E só hoje penso que poderia ter sido diferente. Poderia ter me arriscado, ter corrido perigo. Socar e ser socado. Xingar e ser xingado. Subir alguns degraus a mais na cadeia alimentar e ser o predador. Ter deixado o sangue escorrer. Ter a carne esmagada, ter estourado veias e colecionado hematomas. Ter uma participação mais ativa na seleção natural. Ter sido a caça para depois ser o caçador. Só para ter vivido tempos menos monótonos.


2 comentários:

  1. Anônimo04:35:00

    Você tem capacidade de escrever um livro muito bacana. Já pensou?

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