Estou aqui, sentado no canto escuro da sala, esperando. Ela está a cinco passos de mim, deitada numa reluzente poça vermelho vinho tinto. Suas costas nuas mirando para o teto, seus olhos mortos me encarando. Como se quisesse falar alguma coisa. Me agradecer pelo que fiz. Eu só fiz o que tinha que fazer. O que ela queria que eu fizesse. Ela ansiava por isso, eu sei.
Eu estava lá quando ela pegou seu carro pela manhã no estacionamento do supermercado. Eu a segui pela avenida até a sua casa. Pude ver em seus lindos olhos castanhos a tristeza. Seus olhos imploravam pela cura, e eu, bem, eu a curei para sempre. Esperei que ela entrasse e que a escuridão da noite chegasse. Fui atrás dela. Sua casa parecia tão convidativa. Estava tudo lá, implorando por ajuda, e eu ajudei. Peguei uma faca grande da gaveta da cozinha dela, ela estava no banho. Esperei pacientemente no mesmo canto escuro da sala que me encontro agora. Ela veio silenciosamente me pedindo a cura. Vim pelas suas costas, ela subitamente se vira com uma expressão de pânico estampada no rosto. "Calma minha querida, a dor já vai embora" eu disse.
A lâmina da faca penetrou seu abdômen. Pele, carne, sangue, ossos. O glorioso e quente sangue jorrou contra minhas mãos e caiu volumoso no chão, aos nossos pés. Seu rosto aterrorizado foi lentamente se transformando no rosto inexpressivo de uma boneca de porcelana. Arranquei a lâmina de sua barriga, seu corpo semi morto girou desengonçadamente e foi de encontro ao chão. A cura estava completa! Eu a curei da vida.
Agora estou aqui sentado no canto escuro da sala, esperando. Esperando a polícia chegar e limpar a minha bagunça. Talvez os policiais também precisem da cura. Se precisarem, estarei aqui.
Gostei do texto Andy. Continue escrevendo textos em seu blog; pelo o que eu vejo você gosta de escrever e escrever é algo que nos "liberta" e ajuda a afogar as tristezas/mágoas de viver num mundo de bosta como é o que vivemos. Melhor afogar as angústias assim do que em cima de álcool, cigarro ou outra droga.
ResponderExcluirGosto mais ainda dos seus textos sobre coisas aleatórias, como esse. Tem TUDO a ver com a proposta do blog e traz um certo suspense, como uma pausa, nos seus textos casuais.
ResponderExcluirContinue assim (lhe imploro).