22.6.13

O Deus que não estava lá

Por falta de ideias e para não deixar o blog com ar de abandono, hoje vou abordar um tema sensível, do qual muita gente se ofende facilmente, principalmente quando apresento meu posicionamento sobre o assunto. Escolhi esse tema porque é o único que está vindo em minha cabeça ultimamente. É um tema que venho evitando falar aqui no blog faz tempo, talvez por não correr o risco de perder os poucos leitores que tenho. Mas agora resolvi me arriscar e falar abertamente sobre o assunto, e assim, deixar todos que ainda não sabem, (incluindo familiares) cientes do meu ponto de vista para com esse tema. Como muitos de vocês já devem ter matado a charada, até porque o título sugere, esse texto será  minha visão sobre religião e crença em Deus.

Bem, eu sou ateu, não acredito na existência do deus judaico-cristão e nem na de nenhum outro deus de qualquer outra religião no mundo. Se você já se ofendeu aqui, desculpe, e fique sabendo que é problema seu, pois ninguém deve se ofender com opiniões contrárias.

Sou de uma família parcialmente religiosa, então sim, já fui pra igreja algumas vezes quando mais novo, nunca por vontade própria, sempre porque alguém da família me implorava para ir. Nesses cultos nunca senti nada de diferente, nada de especial. Nunca ouvi nenhum "chamado divino" ou algum tipo de "toque espiritual". Me tornei ateu aos 18 anos, ou seja, mesmo quando eu tinha uma certa fé, eu já não sentia a miníma vontade de ir a igreja.

Quando você se revela ateu, é normal surgir a pergunta "Por que você é ateu?". Sou ateu porque nunca vi, nem ouvi, nem senti Deus e nunca ninguém conseguiu provar sua existência. Simples assim. Se eu nunca vi, ouvi, senti nem nunca me provaram Deus, a crença nele se torna totalmente desnecessária. Antes dos 18, ainda quando criança, acreditava em Deus. Era uma crença meio fraca, mas era uma crença. Acho que só acreditava porque todo mundo acreditava também. Nunca tinha parado para questionar, para me perguntar qual era a razão de eu acreditar, eu apenas acreditava.

Já rezei, conversei e briguei com Deus, levou um tempo para eu perceber que só estava conversando e brigando comigo mesmo. Já pedi por sinais para esse mesmo Deus, como prova de que ele estava mesmo me ouvindo e que atenderia minhas preces, os sinais nunca vieram. Para um ser onipresente ele sempre me pareceu tímido demais, até mais do que eu.

Então um dia, inspirado por vídeos na internet, resolvi separar um tempo para pensar mais sobre Deus, questionar. Pesquisei argumentos de ambos os lados, notei que os argumentos religiosos eram sempre instáveis, infundados, cheios de furos e incoerências. Aos 18 anos, descartei o último dos argumentos religiosos e finalmente cheguei a uma conclusão: Nada disso faz sentido. Foi a primeira vez que pensei: "Sou ateu." Daí pensei de novo "Espera, sou ateu? Não pode ser!" No primeiro momento, não quis aceitar. Até eu tinha um certo preconceito contra ateus. Mas aos poucos fui me acostumando e aceitei. Não podia mais mentir pra mim mesmo.

Veja que o ateísmo não foi uma escolha, só uma conclusão que cheguei depois de refletir muito sobre o assunto.

Na minha família, só meu irmão e três dos meus primos sabem que sou ateu. E antes que alguém pergunte, eles acreditam em Deus, e  nos damos bem. Até um tempo atrás eu queria guardar segredo para evitar conflitos familiares. Hoje já não me importo mais, afinal não escreveria esse texto se me importasse.

Agora falando sobre religião especificamente, sim eu já acreditei em Deus, mas não, nunca fui religioso. Quero dizer, nunca segui religião nenhuma. Nunca me identifiquei com nenhuma. Minha família é evangélica, alguns mais evangélicos que outros, eu sou só eu.

Lembro-me ainda criança, na pré-escola, por algum motivo a professora começou a perguntar qual era a religião de todo mundo na sala, a maioria se dividia entre católicos e evangélicos. Quando chegou na minha vez, não soube o que responder. Não fazia ideia de qual era minha religião, na época eu nem sequer sabia o que era uma religião. Sabia que todo mundo tinha, e que por isso, eu precisava ter uma também. Já em casa, perguntei a minha mãe qual era minha religião, ela respondeu que eu era evangélico. Eu dei de ombros, não me importei, só aceitei. Pensei, "ok". Quando criança eu achava que religião era quase como tipo sanguíneo.  Todo mundo tinha, cada um com o seu e não dava pra escolher outra.

Me declarei sem religião ainda muito cedo. Ainda criança, percebi que a religião não subtraía nem somava nada na minha vida. Não fazia falta, nem sentido. Era absolutamente irrelevante. Descartei a religião cedo demais não porque quis, mas porque não sentia necessidade de seguir uma.


5 comentários:

  1. Também não acredito em Deus (principalmente nos deuses propostos pelas mais diversas religiões). Me declarei ateu pela primeira vez, (para mim mesmo) aos 15 anos. Foi como um grito de liberdade, me senti livre de qualquer tipo de amarra e empecilho, finalmente me sentia seguro para pensar sobre tudo, sem atribuir causas divinas.
    Embora eu tenha me declarado aos 15, hoje percebo que esse "sentimento" já vinha crescendo a muito tempo, aos poucos eu ia percebendo a falta sentido em alguns discursos religioso. Tudo começava a parar de me satisfazer e de fazer sentido para mim. Fui religioso durante toda a minha vida, já cheguei a implorar por um sinal (quando bem novo), mas nada vinha...
    Atualmente, venho descartando a palavra ateu, quando questionam minha crença. Costumo falar que acredito na ideia de deus proposta por Spinoza.

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  2. Oi Andy!Gosto muito dos seus textos, mesmo que não possa concordar com algumas coisas . Independente do que você colocar, não deixaria de lê-lo. Eu não me considero ateia. Confesso que não sei exatamente como isso acontece. Eu não acredito nesse Deus católico ou evangélico ou judeu que muitas vezes se parecem entre si. Porém, acredito em coisas como que somos movidos a energia, tem essa coisa de equilíbrio entre bem/mal, essa coisa de alma, de pessoas que sentem/pressentem ou falam com almas/energias/espíritos. Olhando por esse ângulo, dá para achar que eu concordo com ideias espíritas ou de filosofias orientais. IDEIAS. Mas não com tudo. Por isso, não me enquadro em nenhuma religião (embora minha família tenha cunho católico, principalmente do lado paterno), e me considero agnóstica. Uma entendidade, um "deus" que faz tudo por você, a quem você deve pedir perdão etc.... eu não acredito nisso. Apesar de quando criança, eu ter ido a missas, ter feito catequese e sim, ter acreditado em Deus....

    Então, Andy. Seja feliz com suas opções/crenças ou falta delas, independente do que os outros vão falar. Se ser ateu te faz sentir bem, então, se declare/seja ateu. E foda-se o que a sociedade, a tua família pensa. É um direito teu ter suas ideias e convicções.

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  3. Obrigado por entender Ana.

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  4. Anônimo02:34:00

    interessante texto... já o li umas 3 vezes, pois sempre que abro o blog e vejo que nao há nada novo nao me satisfaço em simplesmente sair... "se eu cheguei até aqui, algo tenho que fazer".
    Acho muito bom quando alguém decide mostrar a si mesmo uma nova maneira de pensar... decide tirar de si uma crença implantada por outras pessoas.

    [Estou com problemas para acessar minha conta do Google de novo.. será que foi hackeada novamente?]
    (Érick)

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    1. Que bom que voltou, texto novo em breve.

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