17.6.16

Expectativa

Diz-se que a expectativa é a maior traiçoeira dentre todas as coisas traiçoeiras. Ela lhe oferece a mão e te ajuda a subir na montanha, só pra depois te empurrar lá de cima.
A expectativa é uma puta.
Apunhaladora de costas, destruidora de corações. Ela te engana. Ela é o cheque sem fundo. O negócio da China ao contrário.
Ela te ilude, brinca com seus sentimentos. Te dá aquela rápida sensação boa de antecipação; algo melhor à vir, então, te desaponta. Ela é a chuva do seu rolê. O "só te vejo como amigo" da sua paquera. A ejaculação precoce da sua transa - ou seria a disfunção erétil?
Também ouvi que deve-se manter sua expectativa baixa se quiser evitar uma merda futura. Tipo sua taxa de colesterol, sabe? Se não quer ser empurrado da montanha, não suba nela. Não planeje rolês se não quiser se molhar na chuva, não paquere se não quiser ganhar um "não", não faça sexo se... bem, você me entendeu.
Vê o problema?
Não somos capazes de mantê-la baixa. Nem se quisermos. Nem se estivermos conscientes de que elevar nossas expectativas é aumentar as possibilidades de decepção. Quanto mais alto maior o tombo. Sabemos disso, mas subimos à estratosfera. É automático, instintivo, subconsciente. "Eu sabia que ia dar merda", então por que tamanha frustração? Talvez porque sonhar é bom. Antecipar felicidade e prazer é bom. Adoramos a ideia de que, em breve, daqui à pouquinho, vamos nos sentir bem de novo. E não podemos não pensar nisso. Não podemos ignorar. Está perto, logo ali. Quase chegando. Vai ser agora... e nada.
Aí caímos. A expectativa nos trai, e a realidade soca forte a nossa cara. A decepção, o "se foder", é inerente ao ser humano. Não há escapatória.
Mesmo tentando evitá-la, ela sempre estará à espreita, e no fundo, gostamos disso. Queremos ela por perto mesmo sabendo que, a qualquer momento, ela poderá nos apunhalar de novo, de novo e de novo. Assim fazemos as pazes, e nos dirigimos para a próxima traição.

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