29.6.16

Mudos e estáticos

Ficamos mudos e estáticos. Esperando pra ver quem vai cair primeiro. O primeiro a escorregar. O primeiro a pagar mico. O primeiro a dizer uma coisinha errada. E quando finalmente acontece, diminuímos a pessoa. Humilhamos ela enquanto nos gabamos de nossa perfeição, beleza e civilidade.

O medo é um senhor de escravos. Os escravos somos nós. O medo de falar nos tornou mudos. O medo de errar nos fez estáticos. Deste modo, seguimos calados e amputados tentando não pisar no pé de ninguém. Tentando não ser indelicados. Não ser o estorvo na vida do amiguinho.

 Assim vivemos, irmãos e irmãs, de mãos dadas, em formação ciranda cirandinha, girando sobre um chão ensaboado. Quem cair é expulso da brincadeira. Rejeitado do nosso círculo perfeito. Ele volta para casa e tira seu disfarce de humano social. Liberta-se de seus medos e pode ser ele mesmo de novo.

Já que a vida social é um teatro onde interpretamos papeis uns para os outros sem sair do personagem; a perfeição, beleza e civilidade são meros adereços. Servem apenas para bom julgamento do olho alheio. Não fazem parte da nossa natureza. A beleza é relativa, não uma única grande verdade; perfeição é ilusão e civilidade, bem, é um vago contrato social.

Nos arrancam nossas personalidades e recusam o diferente - o autêntico.

Espero um dia conseguir ser eu mesmo.

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