27.7.16

Minha coragem

Minha coragem tem vontade própria.
Geralmente, menos vontade que eu. Vontade tenho até demais. Mas vontade sem coragem é só... vontade. E só vontade não é nada. A não ser que essa vontade seja da minha coragem. Aí já é alguma coisa.
Minha coragem é desistente. Ela quase nunca está por perto e decide sozinha quando vir. Ela sai e me deixa nú na frente de todos. Ela trava minhas cordas vocais e desvia minha atenção dos olhos das pessoas.
Ela me envergonha.
E me ajuda a envergonhar os outros.
Minha coragem é viva. Mais viva que eu. Ela sai e vai viver, enquanto eu fico em casa procurando-a. Como se já não fosse o bastante, ela rouba um pouco de vida que ainda tenho e me deixa querendo morrer.
Minha coragem é faixa preta em jiu-jitsu. Ela me leva ao chão e me imobiliza. Uma chave de braço, chave de perna, de cabeça. Um molho inteiro de chaves. Ela realmente sabe como me deixar imóvel.
Assim continuo a existir sem saber se ela fica e me ajuda um dia.
Assim me pego a refletir se é coragem que me falta ou me sobra em covardia.

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