16.3.13

Nocaute

As frustrações e decepções constantes. O vazio da existência. A contínua falta de reciprocidade. A solidão, e a terrível conclusão que sempre tenho sobre a atual situação da minha vida.

Quando criei esse blog, prometi a mim mesmo que seria honesto e sincero nos textos que produziria aqui. E é com sinceridade, caro leitor, que sinto a grande necessidade de confessar que penso muito em suicídio. E tem sido assim desde os 15 anos de idade. Não estou sendo nada hiperbólico quando digo que, de 2008 até hoje, tenho pensado em me matar em vários momentos de praticamente todos os dias que se passaram. E continuo pensando.

Na verdade fico oscilando muito. Em uma hora estou feliz e satisfeito pensando: "Como eu posso pensar em suicídio? A vida oferece oportunidades tão maravilhosas. Há tanta coisa boa para acontecer ainda..." Aí então caio em profunda depressão e começo: "Não tem mais jeito. Tudo está péssimo, as coisas não vão mudar, por isso quero morrer."

Me lembro da primeira vez que pensei em suicídio. Estava no primeiro ano do ensino médio. Por algum motivo, eu tinha finalmente despertado da minha ingenuidade pós-infância, e a realidade havia me acertado como um soco no nariz. Cheguei em casa depois da aula, estava me sentindo péssimo. Fui direto para o banheiro e me tranquei lá. Sentia um vazio enorme dentro de mim, algo parecia estar preso na minha garganta. Um violento aperto no peito, como se algo me espremesse por dentro. Gritava em silêncio dentro da minha cabeça que estourava de dor. Olhava para minha frente e não enxergava mais futuro. Não enxergava esperança. Então por fim, explodi em um choro desesperado. Tentando me conter o máximo possível para não ser escutado do lado de fora do banheiro. Naquele momento, desejei a morte. Era a primeira vez que me sentia daquele jeito.

Como já havia dito, penso constantemente em suicídio, mas nunca cheguei a tentar me matar. São basicamente 3 coisas que me impedem. A primeira é o medo. Se fosse tentar, não sei como seria. Se sentiria dor, se sofreria muito.

A segunda é a minha família. Quando penso na reação dos meus pais e dos meus irmãos, caso descobrissem que eu teria cometido suicídio, bem, isso me paralisa.

E a terceira é essa curiosidade que tenho sobre o futuro. Fico pensando: "E se houvesse uma reviravolta? E se algo muito positivo acontecesse comigo? E se a minha vida mudasse assim, de uma hora pra outra? E se algo muito bom acontecesse e mudasse para sempre a minha vida?" Sim, por incrível que pareça, ainda tenho esperanças, e isso me mantém vivo.

Mas admito que às vezes, os pensamentos suicidas são mais fortes. Você leva tanto soco da vida, que chega um momento que você não sabe se vai aguentar mais um round. Quero dizer, e se as coisas não mudarem daqui alguns anos? E se tudo piorar?

Minha expectativa de vida não é das melhores. Não se trata de pedir água, e sim de ser nocauteado.

5 comentários:

  1. Anônimo23:10:00

    Eu também caio em um tipo de tristeza profunda ás vezes. Não sei se funcionaria com você, mas eu sempre tento pensar em como existem pessoas em muito pior situação do que eu, pessoas realmente esquecidas de propósito pela sociedade que tem limitações físicas para pensar em um futuro melhor. Funciona comigo. É claro que cada pessoa vê seus problemas como sendo os piores do mundo e eu faço o mesmo. Mas pensar que posso fazer as coisas que quiser se me esforçar e tiver força de vontade e que não dependo de ninguém para isso, me ajuda. Já tive muitos pensamentos negativos e momentos de depressão. Como você, já pensei em suicídio, mas são os mesmo motivos que não me fazem nem pensar em tentar qualquer coisa. Tento ver as coisas do lado positivo, é difícil, eu sei. Mas a vida é curta e nós iremos morrer algum dia, de qualquer forma, então, qual a razão de antecipar?

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  2. Anônimo16:10:00

    Hoje eu vou orar por você, mesmo você não acreditando em um Deus bíblico. Não tire sua vida pelas enormes e consequentes decpeções vividas, mas a mantenha ela viva por esperança, mesmo sendo dificil a angustia.
    Leia e tente levar isso consigo!

    Viver é só neurose, mesmo, vai negar?
    Nas idas e vindas você busca motivo mesmo é pra ficar.
    Sem pensar, pra não exitar. Sem refletir pra não oscilar.
    É se afastar mais da razão, olhar pra dentro e não achar.

    Mais nada pra se apegar, argumentos, motivos...
    Nem procura mais, por saber que já não faz sentido.
    Nem paredes você convence. Hoje a causa é diferente.
    E nem percebeu mudar, virar mais um descrente.

    Vida bate. Cansava ouvir que não, que não justificava.
    Se entregava, pelo que trazia e significava.
    No fundo você concordava, mas parecia não.
    E o ódio tomava seu corpo e a chance de ter razão.

    Breu e ação. Pensamentos sucidios? válvula de escape no mundão.
    Até então, depois te corrompeu e nutriu a sua ambição.
    Presta atenção no que você se apegou, vê se compensou.
    É fraqueza ser mais um vilão da sua propria vida, que a frustração fabricou.
    Assassinar seu corpo e sua alma, não é a melhor opção.

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    1. Obrigado pela intenção, mas oração não ajuda.

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  3. Que bom que você escreveu um texto! Gosto dos seus textos, você tem facilidade para a escrita e, mais uma vez eu repito: você deveria aproveitar isso.
    Quanto a essa coisa de querer se matar, eu também tenho isso. Mas os motivos que me prendem são um tanto diferentes. É claro que isso do medo eu tenho. Quanto a pensar nos pais, família, confesso que nem penso nisso. Outra questão que me "segura" seriam motivos um tanto espirituais que não vou escrever aqui no momento porque seria uma longa história/discussão (apesar de acreditar em certas coisas, eu não me enquadro em nenhuma religião). A outra coisa que eu REALMENTE penso é que eu sou muito nova para morrer nos dias de hoje. E eu tenho pelo menos sei lá, uns 60 anos pela frente para tentar conseguir as coisas que eu quero de verdade, que são poucas e simples(apesar de eu estar estudando, fazendo faculdade e me tentando me prepara para um futuro "´promissor" :P). Então.... essas coisas ficam balançando na cabeça às vezes.

    Meu primeiro dia no Ensino Médio não foi legal também. Eu tinha 13 anos(entrei 1 ano antes na escola), era baixinha, magrela e com cara e jeito de criança, vinha de uma outra cidade para estudar numa escola pública em outro lugar, a única escola de Ensino Médio por sinal na cidade.
    Meu Ensino Médio não foi lá tão legal nesse sentido de amizades e coisas do gênero. Confesso que, apesar de tudo, prefiro mil vezes a faculdade(apesar dessa época já estar se encaminhando para o fim... AINDA BEM!!).

    A vida é uma droga, Andy. Você já sabe disso. É estressante, irritante, a humanidade só te deprime. Mas a realidade é essa. E uma vez que você toma o BUM e enxerga isso, você não volta atrás.

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  4. Confesso que esses pensamentos me passaram inúmeras vezes. Desde os 11 anos, pensei em suicídio. Não só pensei como ja tentei 3 vezes... eu cheguei perto demais da morte.
    Eu sempre tive problemas sociais, desvontades de tudo, mas o que realmente me levou a essas tentativas foi um descomunal desejo pela morte, pois essa me fascina. Eu não consigo compreender como é ser morto, parece tão simples, mas nao entendo.
    Depois de muito tempo frequentando psicólogos e etc, consegui me curar dessa depravação social, hj posso dizer que estou a caminho de ser alguém feliz, coisa que me parecia impossível há menos de 5 meses. Consegui me livrar de parte da timidez, consegui formular amigos, hj tenho uma namorada, estou estudando para coisas que eu gosto de estudar, leio e faço coisas que me divertem... mas mesmo assim a morte me chama... e eu sinto sua sede... e quero beber com ela...nao por ser infeliz ou por achar que a vida nao é justa ou coisas assim.. nada disso. E nem mesmo sei dizer o motivo disso.
    Eu ja me decidi previamente a nao fazer isso, mesmo que sinta muita vontade. Pois, se eu ja desisti de viver, vou me dedicar a algo sem me importar com as consequências, pois o que pode ser mais forte que a morte? fome? desemprego? humilhação? Nada é mais forte...
    Justamente isso me motiva a fazer algo. Nada me intimida, pois nem mesmo a morte me intimida.... O que me impede de me tornar um "V de Vingança"? medo? medo de q?

    (desculpe, acho que fui muito confuso no meu comentário, portanto vou parar por aqui)

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