14.4.16

À Noite

A noite é o completo exílio do dia.

 É quando o pai Sol sai para cuidar do seus outros filhos do outro lado do mundo, nos deixando à tutela da mãe Lua e suas estrelas.

 O Sol é aquele pai de abraço aconchegante e caloroso, mas que rege rigorosamente nossos deveres e responsabilidades diurnas. Nos proibindo, com rigidez, que saiamos para brincar antes da hora.

 Já a Lua é uma mãe mais fria. Fria, porém charmosa e libertária. Ela não só nos dá permissão para sair e brincar, como nos inspira a isso. Esse é o seu charme. É o charme da noite que seduz homens e mulheres, sérios trabalhadores de dia, para se libertarem à noite.

 A noite parece ser um mundo inteiramente novo. Um mundo de sombras, agora iluminado somente pelas luzes amareladas dos postes nas ruas, e as luzes neon de bares e hotéis. Esse ar noturno incita pessoas a sair, fugir do mundo de regras e obrigações que fora imposto a elas. Sair para esquecer, descarregar, satisfazerem seus desejos carnais, estancar o sangramento de suas almas.

 A noite faz isso.

 É uma mãe fria, mas surpreendentemente agradável. A noite pega nossas mentes e as arremessa para alto, na escuridão infinita e estrelada do céu sombrio. Jogando fora toda angústia, e nos deixando livres e preparados para mais um turbilhão caótico ao amanhecer de nossas vidas.



Texto originalmente publicado no blog Raio X Mental.

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